Oficina naval cuida casas flutuantes com carinho
Quando várias empresas despedem e vão à falência, a Sopromar dá emprego e subiu a facturação 20%.A empresa repara cerca de mil embarcações por ano e atribui sucesso à satisfação de clientes e funcionários
Enquanto nas televisões e jornais se vêem notícias de empresas a despedir pessoal, nos estaleiros navais da Sopromar a ‘equipa’ continua a crescer. E apesar da tão aclamada crise, no ano passado a facturação da empresa algarvia cresceu 20%, em relação ao ano anterior.
E como é que isto é possível numa empresa familiar que começou por ser uma pequena oficina de reparações de barcos? A resposta chega da boca de Ercidia Pereira, a fundadora e matriarca do estaleiro naval. "Cheguei a andar de rebarbadora nas mãos, quando a empresa era apenas eu, os meus filhos e quatro funcionários", recordou ao CM a empresária, que criou a empresa em 1973 com o falecido marido João Batista Pereira, um mecânico naval que sonhou criar um centro náutico em Lagos, por onde passam centenas de veleiros e iates de luxo nacionais e estrangeiros.
Actualmente, a Sopromar dá trabalho a cerca de 50 pessoas, número que pode vir a duplicar com a expansão da empresa para Portimão e, recentemente, para Algés, em Lisboa, onde abriu um centro náutico, em parceria com o grupo MSF. O próximo passo é a construção de um inovador centro náutico em Lagos, que, entre muitos outros serviços, irá dispor de um espaço de formação e um hotel para os velejadores e tripulantes que esperam enquanto é feita a reparação.
A empresa é especialista em operar e manobrar embarcações, lavagem, pintura, mecânica, polimentos ou simplesmente a colocação em atrelados. No ano passado, facturou cerca de três milhões de euros. E clientes não faltam. Desde velejadores ou marinheiros chineses, australianos, neozelandeses ou holandeses até aos pescadores locais. Setenta por cento dos clientes são estrangeiros, uma grande parte velejadores que viajam pelo mundo e fazem do barco a sua casa flutuante. "Temos de ser muito cuidadosos porque, muitas vezes, estamos a trabalhar dentro da casa do cliente, que é o seu barco. Por exemplo, não podemos lá entrar com um calçado qualquer", explica Ercidia Pereira, que recorda o dia em que os funcionários encontraram um envelope com notas de 500 euros junto a um motor. "O cliente já não se lembrava daquele dinheiro e ficou todo satisfeito quando lho entregámos".
É esta atenção com os clientes que torna a empresa diferente. Um dia um velejador holandês, a viver no Brasil, recebeu a notícia que a mãe tinha morrido. "Queria ir ao funeral no dia seguinte, no Brasil, mas não sabia como. Fizemos tudo para conseguir um bilhete de avião para aquele dia e fomos levá-lo ao Aeroporto de Lisboa", recorda com satisfação a empresária algarvia.
E se o sucesso da empresa está relacionado com a satisfação do clientes, também é verdade que a motivação dos funcionários ajuda muito. "Ninguém está à espera da hora de saída. E quando é necessário trabalhar aos domingos, todos estão disponíveis", assegura Ercidia, que considera os empregados "elementos da família". E se alguém têm um problema pessoal ou familiar "a empresa ajuda".
Quando a expansão chegou a Lisboa, a empresa alugou um autocarro para levar todos os funcionários a conhecerem o novo espaço. "O sucesso da empresa também é deles", termina, com humildade, a empresária.
Acesse ao artigo completo em: Jornal Correio da Manhã
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