Quem pagou a campanha de Passos Coelho?
O tema não é novidade, há muito que se sabe e que se fala das máquinas de propaganda que estão envolvidas nas campanhas, não só politicas mas também. Também não é novidade, aliás cada vez é mais comum e vulgar, o envolvimento de agências de comunicação para mexerem os cordelinhos e agilizar, facilitar, promover e, em alguns casos, branquear a imagem dos seus clientes.
Mas, não sendo novidade, é agora contado na primeira pessoa. Fernando Moreira de Sá, numa entrevista de Miguel Carvalho publicada na Revista Visão desta semana, expõe, de forma mais ou menos detalhada, a forma como Passos Coelho, o eterno candidato a líder, conseguiu chegar ao poder do PSD, a estratégia adoptada, os meios envolvidos e… o resultado que todos conhecemos.
Sendo que Passos Coelho e a forma como chegou ao poder é o núcleo deste texto, a verdade é que no final, as dúvidas que se levantam e as questões que se colocam não são, de todo, exclusivas a Passos Coelhos, mas sim a todos os outros “Passos Coelhos” que cirandam na arena política nacional. Isto que fique bem claro!
No campo partidário sempre se soube, mas nunca se soube, ao aproximarem-se eleições internas para os cargos dirigentes aparecem sempre muitas quotizações pagas de empreitada. Sempre se criticou, mas nunca se assumiu. Sempre foi dito que não podia ser feito, mas sempre foi feito. Muito recentemente veio a público o caso do Partido Socialista de Matosinhos onde com um cheque foram pagos 11.066 Euros, correspondentes às quotas de 1172 militantes. Esta situação também não é exclusiva do PS, o mesmo, vai-se sabendo, acontece com os restantes partidos.
Voltando à Visão, à entrevista de Fernando Moreira de Sá e à ascensão ao poder de Pedro Passos Coelho. Uma máquina foi montada de forma a promover a imagem de Passos Coelho, informação, contrainformação. Uma máquina que funcionava nas redes sociais com operações concertadas junto de órgãos de comunicação social, nomeadamente nos fóruns. Moreira de Sá era um dos “voluntários” dessa máquina. As aspas utilizadas não são utilizadas por mau feitio meu, fazem parte do texto original da entrevista. Já lá vamos.
Dizer que não me preocupo com as dezenas de milhões de Euros que anualmente saem do Orçamento Geral do Estado para financiar os partidos políticos, seria mentira, preocupo-me sim, preocupo-me e defendo que a mama tem de terminar. Concedo aqui que se os partidos utilizam essas verbas em campanhas de comunicação será legítimo. Com isto quero deixar claro que o que Pedro Passos Coelho fez com o dinheiro do partido depois de assumir a sua liderança é um problema dele e do partido. Depois de ter chegado ao pote do partido ter usado esse pote para chegar ao pote do País é outra questão, é uma questão interna.
Pedro Passos Coelho teve a funcionar uma máquina que o levou à presidência do PSD, na blogosfera, nas redes sociais, nos fóruns radiofónicos e televisivos. Uma panóplia de meios e de pessoas envolvidas que ao longo de mais de um ano trabalharam em função do culto de uma personalidade, Pedro Passos Coelho. Uma pequena interrupção para vos remeter de novo para o terceiro parágrafo deste texto, o exemplo é Passos Coelho mas as questões que se colocam são transversais a todos os Passos Coelhos do País.
Vamos lá voltar à expressão que na entrevista a Fernando Moreira de Sá aparece com aspas, “voluntário”. Num empreendimento destes, com esta dimensão, o “voluntariado” tem um custo, humano e de meios. Estamos a falar dum candidato a líder e não dum líder dum partido que terá, em teoria, os fundos do partido ao dispor para as acções que entenda desenvolver. O investimento que estará subjacente a este tipo de acções dificilmente será possível sem a entrada de capital. Eis que chegamos à primeira questão:
Quem financia ou financiou estas acções?
Lá diz o Povo, quem cabras não tem e cabritos vende, de algum lado lhe vem! O Povo diz mais, diz também que não há almoços grátis. Ora, não havendo almoços grátis o que é que os financiadores deste tipo de acção recebem em troca e quantos outros putativos candidatos a líder já terão no bolso para usar quando lhes der jeito?
Regularmente fala-se, timidamente, do financiamento dos partidos. Será também muito importante começar a olhar para os restantes financiamentos. Os financiamentos que são feitos às esperanças que ficam adormecidas numa teia de influências cada vez mais obscura.
Acesse ao Artigo completo em: Noticias Online
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial