Arquivada queixa do Governo sobre manipulação de documentos 'swaps'
Ministra das Finanças perdeu a batalha. Ministério Público conclui que  há três versões de documentos que implicam o Citigroup e o ex-secretário de  Estado Pais Jorge na tentativa de venda de swaps ao Governo de Sócrates, para disfarçar o défice.
Manuel de Almeida/Lusa   Manuel de  Almeida/Lusa    "O documento que chegou às mãos dos 
jornalistas não tem qualquer referência cronológica, nem números de  páginas", indicava em 
agosto o ministério das Finanças chefiado por Maria Luís  Albuquerque 
O Ministério Público (MP) concluiu que não foram adulterados pela imprensa os documentos que implicavam o Citigroup e o ex-secretário de Estado Pais Jorge na tentativa de venda de 'swap' ao Governo de Sócrates, para disfarçar o défice.
"O Ministério Público determinou o arquivamento do inquérito  originado por participação da senhora ministra das Finanças tendo por objeto uma  eventual desconformidade entre os documentos apresentados em reportagens  televisivas da SIC, designadamente a do  jornal da noite de 05 de agosto de  2013 e os documentos oficiais", lê-se na nota de imprensa da Procuradoria-Geral  da República.
"Não há indícios" de que documento exibido pela SIC foi adulterado
Segundo a Justiça, após a investigação, "não resultam indícios de que o documento exibido pela SIC tenha sido adulterado ou modificado, tendo em conta a confirmação dos factos e a existência de vários documentos de trabalho com características próprias".
Em agosto, o ministério das Finanças disse que o documento  divulgado pela imprensa que implicava a presença do ex-secretário de Estado do  Tesouro na tentativa de venda de contratos 'swap' ao Governo socialista em 2005  para baixar artificialmente o défice e dívida pública foi manipulado e que no  documento original não consta o nome de Joaquim Pais Jorge.   
"O documento que chegou às mãos dos jornalistas não tem  qualquer referência cronológica, nem números de páginas", ao contrário do  documento original e verdadeiro que data de 1 de julho de 2005, indica.
Na mesma altura, o Ministério das Finanças considerou que  "estas discrepâncias serviram para introduzir, como segunda página do documento  na posse da comunicação social, um organigrama inverosímil, que não consta da  apresentação original, com o logótipo  do banco com um grafismo diferente.  É neste organigrama, e apenas nele, que aparece o nome do secretário de Estado  do Tesouro".
Na conclusão do inquérito agora conhecida, o Ministério Público  refere que investigou reportagens da SIC e ainda da revista Visão e detetou  "três versões de documentos que incluem a aludida proposta de contratos 'swap'  feita pelo Citigroup ao Estado Português", mas que "em todas as versões se  constata que os termos contratuais são exatamente os mesmos", pelo que conclui  que "não existem quaisquer dúvidas de que a proposta apresentada pelo Citigroup  corresponde à realidade, pelo que não se verifica qualquer desconformidade  material relevante".
Para a Justiça, apesar da "existência das várias versões do  documento" com a proposta 'swaps' feita pelo Citigroup', tal é "manifestamente  distinto de um crime de falsificação".
Pais Jorge presente em duas reuniões em São Bento
Quanto a Joaquim Pais Jorge, que se demitiu do cargo de secretário de Estado do Tesouro em agosto, a investigação levada a cabo pelo Ministério Público no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) concluiu que este "esteve presente em pelo menos duas reuniões de apresentação da proposta de contratos 'swaps'".
O ex-governante recusou inicialmente responsabilidades na  tentativa de venda de 'swaps' para baixar artificialmente o défice e a dívida  pública e disse não se lembrar se esteve na apresentação da proposta, mas viria  a confirmar que esteve reunido com o  gabinete de José Sócrates enquanto  diretor do Citigroup.
"Em síntese, atendendo à veracidade dos factos e do conteúdo  dos documentos divulgados e por insuficiência indiciária quanto ao crime de  falsificação foi determinado o arquivamento dos autos", concluiu o Ministério  Público no comunicado enviado à  imprensa.
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