Albuquerque acaba com “absurdo” das casas de férias de Jardim
Governo regional mandou fazer levantamento exaustivo do património
 imóvel, pois não existem registos do tempo de Jardim. A ideia é vender 
em hasta pública alguns imóveis e reaproveitar os restantes para 
serviços públicos. A casa onde Jardim passava férias vai ser 
concessionada para turismo.
O Governo regional da Madeira não sabe qual a real dimensão do 
património imóvel que tem no arquipélago. O sinal de alarme partiu do 
processo de alienação das duas casas que o executivo possui junto à 
praia do Porto Santo, onde Alberto João Jardim e os membros mais 
próximos do Governo madeirense passavam férias de Verão.
                        Durante o processo, descobriu-se que não 
existiam registos patrimoniais, e à medida que os técnicos do executivo 
procuravam, iam encontrando mais imóveis nessas condições, não só no 
Porto Santo como em todo o arquipélago.
“Estamos a fazer um 
levantamento exaustivo de todos os imóveis do Governo, a fim de lhes dar
 utilidade pública”, explicou ao Público o presidente do Governo 
madeirense, Miguel Albuquerque, dizendo que existem casas encerradas em 
locais de grande interesse turístico.
“Há casas encerradas em 
belíssimas zonas de montanha ou em zonas do parque natural que vão ser 
concessionadas para alojamento temporário dos caminhantes ou turistas”, 
acrescenta Albuquerque, dando como exemplo as casas do Pico Ruivo, no 
ponto mais elevado da Madeira, do Rabaçal e da Achada do Teixeira.
Para
 já, foram identificadas dezenas de imóveis, muitos fechados e outros 
abandonados. Depois do mapeamento estar completo, o executivo pretende 
vender alguns em hasta pública e “reaproveitar” os restantes para os 
serviços públicos. “Estamos a trabalhar nesse sentido”, garante o líder 
do executivo madeirense, que pretende assim realizar um encaixe 
financeiro com a venda e reduzir os encargos mensais da região, já que 
muitas repartições públicas funcionam em edifícios alugados.
No 
Porto Santo, onde o levantamento já foi concluído, foram identificados 
18 prédios urbanos e um complexo habitacional, para além das duas casas 
de férias. Quatro dos edifícios foram encontrados em mau estado de 
conservação e um quinto, uma casa junto ao Centro Hípico, estava 
fechado, tendo sido utilizados nos últimos para férias de membros do 
executivo madeirense.
Neste Verão, essa habitação serviu para 
alojar os elementos da EMIR – o equivalente regional ao INEM – 
destacados para aquela ilha, e o futuro do prédio está ainda em aberto.
Em
 aberto está também o destino a dar outras três moradias que o Governo 
tem na ilha. Os prédios foram construídos para alojamento de médicos, 
professores e outros técnicos qualificados, numa altura em que os 
serviços eram centralizados no Funchal. À medida que as opções políticas
 foram sendo alteradas – hoje o Porto Santo tem uma direcção regional 
própria com sede na ilha -, as casas foram sendo fechadas e estavam até 
agora esquecidas. Albuquerque quer agora avaliar caso a caso, o que 
fazer com estes prédios.
Certo e identificado está o destino a dar
 às duas casas que o Governo tem junto à praia do Porto Santo, que vão 
ser concessionadas para turismo. As vivendas, com court de 
ténis, jardins, acesso directo à praia, localizadas no centro da capital
 da ilha, foram utilizadas para férias por Alberto João Jardim e 
família, e por membros do executivo mais próximos do presidente do 
Governo durante décadas.
A oposição chamava datchas às 
duas moradias, numa referência às casas de férias usadas pelos 
altos-membros da ex-União Soviética. Jardim argumentava que até estava a
 poupar dinheiro à região, já que os 20 euros que pagava de renda diária
 – inicialmente eram 10 euros por dia -, eram menos do que o que o 
Governo pagaria se ficasse hospedado num hotel, pois insistia que estava
 no Porto Santo em trabalho, não em férias.
“Era um absurdo a 
existência de duas casas de férias para o usufruto dos governantes no 
período de Verão”, vinca Albuquerque, dizendo que a decisão de acabar 
com “essa situação bizarra” foi tomada de imediato. “Nas democracias 
modernas os membros dos governos eleitos gozam férias como os outros 
cidadãos, às suas custas”, lembra Albuquerque. 
A alienação dos 
dois imóveis, uma reivindicação antiga da oposição, foi um dos 
compromissos eleitores do PSD pós-Jardim, mas esbarrou em várias 
questões burocráticas. Primeiro, as casas não tinham registo 
patrimoninal, um processo que foi iniciado agora, e depois, como estão 
localizadas em domínio público marítimo, complica a venda. Assim, a 
solução encontrada foi concessionar as datchas para fins turísticos ou similares.
“Como
 as casas estão implantadas em área do domínio público marítimo vamos 
abrir concurso público muito em breve para concessionar o seu uso para 
fins de alojamento turístico mediante o pagamento de uma renda ao 
Governo regional”, explica Albuquerque, precisando que o período de 
concessão será de oito anos, “eventualmente” renovável por dois períodos
 de quatro anos.
Artigo completo em:   O Público










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