Como é que um Médico ganha 796 mil euros no SNS?
Num daqueles relatórios do Tribunal de Contas (TC) que entram por um ouvido e saem pelo outro, ficámos a saber que um médico do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio conseguiu a proeza de arrancar 796 mil euros (2008) e 744 mil euros (2009). Eu julgava que o SNS era o SNS, mas afinal é o Euromilhões. Portanto, volto a fazer a pergunta que ainda não teve resposta: como é que um médico conseguiu amealhar estas maquias anuais ao serviço do SNS? O salário base deste indivíduo era de 5.523 euros, mas o seu vencimento real chegava aos 50/55 mil mensais. Como é que isto foi possível? Com horas extraordinárias? Mas será que este indivíduo trabalhou as 8520 horas de 2008 e 2009?
O médico em questão até pode ser o Houdini da oftalmologia, até pode curar cataratas com um mero toque crístico e até pode fazer o milagre das dioptrias, mas a questão é simples: o Estado português não pode dar 750 mil euros a um único indivíduo. Este montante não tem qualquer justificação; chega a ser cómico na sua desproporção. É um montante que pressupõe a existência de um Qatar debaixo do ministério da saúde. Perdão: pressupõe a existência de petróleo debaixo de cada contribuinte português. Sim senhor, não devemos pôr em causa o mérito e a justa recompensa da classe médica; os médicos têm de ganhar bem. Mas há uma diferença entre ganhar bem e levar 750 mil euros para casa.
Estes 750 mil ou 796 mil são tão surreais que o nosso cérebro tende a arrumá-los na categoria de caso isolado. Mas será mesmo um caso isolado? O tal relatório do TC afirma que os vencimentos dos médicos mais bem pagos oscilam entre os 255 mil euros e os 796 mil euros. Ou seja, há mais médicos do SNS a levar para casa vencimentos de cirurgião plástico de Hollywood. E, por falar em somas astronómicas, gostava muito de fazer duas apostas de, vá, 5 euros com a Ordem dos Médicos: aposto que alguns destes tetra-milionários vão fazer greve e aposto que o médico que ganha 750 mil euros não faz serviço exclusivo no SNS, ou seja, aposto que ainda faz uma perninha no privado.
O médico em questão até pode ser o Houdini da oftalmologia, até pode curar cataratas com um mero toque crístico e até pode fazer o milagre das dioptrias, mas a questão é simples: o Estado português não pode dar 750 mil euros a um único indivíduo. Este montante não tem qualquer justificação; chega a ser cómico na sua desproporção. É um montante que pressupõe a existência de um Qatar debaixo do ministério da saúde. Perdão: pressupõe a existência de petróleo debaixo de cada contribuinte português. Sim senhor, não devemos pôr em causa o mérito e a justa recompensa da classe médica; os médicos têm de ganhar bem. Mas há uma diferença entre ganhar bem e levar 750 mil euros para casa.
Estes 750 mil ou 796 mil são tão surreais que o nosso cérebro tende a arrumá-los na categoria de caso isolado. Mas será mesmo um caso isolado? O tal relatório do TC afirma que os vencimentos dos médicos mais bem pagos oscilam entre os 255 mil euros e os 796 mil euros. Ou seja, há mais médicos do SNS a levar para casa vencimentos de cirurgião plástico de Hollywood. E, por falar em somas astronómicas, gostava muito de fazer duas apostas de, vá, 5 euros com a Ordem dos Médicos: aposto que alguns destes tetra-milionários vão fazer greve e aposto que o médico que ganha 750 mil euros não faz serviço exclusivo no SNS, ou seja, aposto que ainda faz uma perninha no privado.
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