sábado, 19 de setembro de 2015

Fisco e justiça apertam cerco à Webrand e PSD

O Ministério Público e as Finanças estão a apertar o cerco à Webrand. Os maiores proveitos da agência de publicidade vieram de campanhas eleitorais do PSD. A empresa é suspeita de fraude fiscal qualificada e existem indícios de proteção política. Quais são os inquéritos que envolvem a agência e fazem disparar os alarmes no partido do Governo?
 
 
 
Entre 2008 e 2011, a Webrand foi uma das agências de confiança do PSD. Dezenas de candidaturas autárquicas, de Luís Filipe Menezes (Gaia) a Guilherme Aguiar (Matosinhos), tiveram a sua marca. ?A empresa de publicidade não se limitou a eleições locais: trabalhou para campanhas internas do partido, entre as quais a de Marco António Costa à presidência da distrital do PSD/Porto. A nível nacional, produziu materiais para a candidatura de Manuela Ferreira Leite à chefia do Governo, ajudou Paulo Rangel a chegar ao Parlamento Europeu e contribuiu para guindar Pedro Passos Coelho a primeiro-ministro nas legislativas de 2011. O "euromilhões" saiu à Webrand em 2009, quando foi convidada pelo PSD para trabalhar nas eleições europeias, legislativas e autárquicas desse ano. As três campanhas foram, à época, coordenadas pelo atual secretário de Estado da Segurança Social, Agostinho Branquinho. Num email então enviado a um fornecedor que contestava as práticas da agência, Branquinho admitiu a relação "franca e aberta" com a Webrand, avaliou a relação com o PSD como "muito positiva" e "gratificante" e elogiou a "total disponibilidade" da empresa "para ultrapassar as questões que vão sendo colocadas".
A Webrand foi fundada em 2008, na mesma altura em que a antecessora Grafinvest caminhava para o ocaso, com problemas financeiros, dívidas à Segurança Social e clientes em fuga. Do céu à queda em desgraça, a Grafinvest e a Webrand são irmãs gémeas. A primeira implantou-se à custa de bons contratos na órbita socialista. ?A sucessora virou-se para a outra face do bloco central. Depois de anos de chorudos negócios com campanhas eleitorais do PSD e ajustes diretos ganhos pelo seu universo empresarial em municípios onde ajudou a eleger os respetivos autarcas, a empresa está a tentar evitar a insolvência através de um Plano Especial de Revitalização (PER) que mereceu, entre outros, o voto favorável do credor Finanças.
Ao mesmo tempo, a Webrand está no centro de vários inquéritos, separados entre si. Um é da responsabilidade do DIAP do Porto e da Divisão de Processos Criminais e Fiscais das Finanças. Outro, no Ministério Público de Gaia, abrange os mandatos de Luís Filipe Menezes no município. Um último foi aberto pela Direção de Serviços de Auditoria Interna da Autoridade Tributária na sequência de uma reportagem da VISÃO. Neles existe matéria e testemunhos que levantam suspeitas de fraude qualificada e proteção política. Nos últimos meses foram feitas novas diligências e interrogatórios e, segundo as fontes da VISÃO, o cerco à agência poderá estar a apertar-se. Um outro inquérito, que correu em Gaia e onde foram recolhidos depoimentos sobre alegadas motivações políticas favoráveis à agência de publicidade, foi entretanto arquivado. Afinal, que segredos guarda a Webrand?

Ler mais: http://visao.sapo.pt/fisco-e-justica-apertam-cerco-a-webrand-e-psd=f820362#ixzz3mD6VLS00
 

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