sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A mentira política institucionalizada em Portugal (por Telmo Vaz Pereira)

            10480190_857580557585876_8208980264597502201_nQuando ontem se soube pela boca dos figurantes na foto que, afinal, os contribuintes seriam novamente chamados a pagar a corrupção, a gestão ruinosa, as luvas e demais comissões que tipificam crimes económicos graves – para compensar o dinheiro que o Estado colocou no famoso Fundo de Resolução para aguentar o banco do Ricardo da Boca do Inferno – nada de novo foi dito sob os céus. E por uma razão simples: o povo português, mesmo o menos preparado e versado para a compreensão da gestão da cousa pública, há muito já compreendeu que aqueles figurantes não são pessoas de bem, razão por que mentem compulsivamente, agora para justificar e oficializar que a injeção de capitais públicos para aguentar os disparates do Governador do BdP, outro figurante que a história irá crucificar, exigem mais e mais impostos por parte do Zé Povinho, que assim será mais esmifrado nos seus já débeis rendimentos.
A solução técnica criada pelo Fundo de Resolução, uma inovação do Sr. Carlos Costa, o guardador de tacos de golf de João de Deus Pinheiro, revelou-se um logro, assim como toda a sua acção laxista na supervisão da banca em Portugal; a esperança vertida nas declarações da ministra das Finanças, Miss Swaps Albuquerque, em linha com as do governador do BdP, traduzem-se em mentiras e estas, por sua vez, em mais e mais impostos sobre os contribuintes. Um e outro, Costa e Albuquerque, e também Passos Coelho (3º elemento do tripé desta mega-farsa), que nada percebe de finanças públicas, convergiram para um ponto de luz: uma narrativa de mentiras sucessivas visando ocultar o pagamento extra da factura decorrente da desejada venda do banco do Ricardo no mercado internacional, o qual será vendido abaixo do capital que o Estado – e demais accionistas / bancos portugueses – nele investiram. E se assim for, é, de novo, o zé povinho quem paga as comissões à família Espírito Santo pelos submarinos que o Paulinho Portas/CDS encomendou aos alemães.
Em rigor, trata-se de dinheiro que sai directamente dos bolsos das famílias portuguesas para entrar nas contas da família Espírito Santo, tamanho é o escândalo (e crime) agora cumpliciado e oficializado pelo alegado Primeiro Ministro, Passos Coelho.
O cancro do BPN ao pé desta megra-fraude, que comprou e corrompeu todo o sistema político durante décadas, não passa duma bagatela jurídica. Os contribuintes pagam sempre. E se não pagam a bem, pagam a mal, com mais juros agravando o nível de empobrecimento dos portugueses e entorpecendo ainda mais as condições de transparência e de competitividade no funcionamento da economia nacional.
Passos Coelho, além de ser tecnicamente incompetente, revelou-se também um actor político perigoso, já que em todos os sectores de actividade os factos têm contrariado o sentido quer do seu Programa de governo, quer das suas declarações avulsas comunicadas à sociedade.
Esta discrepância significa, entre outras coisas, que o exercício do poder ficou literalmente sequestrado por grupos de interesse ligados à alta finança, os quais têm condicionado e perturbado a boa governação nos demais sectores da economia e da sociedade.
Se a política é a articulação da possibilidade com a finalidade, a virtude da decisão política decorre da leitura ajustada das suas condições de concretização, mas para isso seria necessário que aquilo que foi anunciado coincidisse com as tarefas realizadas, o que não acontece(u).
É desta brecha entre o anunciado e o realizado que nasce, em todo o seu esplendor, a mentira política institucionalizada pelo XIX Governo (in)Constitucional, o pior desde o 25 de Abril, o qual só encontra paralelo em incompetência e imoralidade num governo de um semestre dirigido por um tal ex-presidente do Sporting que não reza a história.
 
 
 
 
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